quinta-feira, 29 de novembro de 2012

DONZELA BELA


        Exortação

DONZELA BELA, que me inspira à lira.
Um canto santo de fervente amor,
Ao bardo o cardo da tremenda senda
Estanca, arranca-lhe a terrível dor.

O triste existe qual a pedra medra,
Rosa saudosa do gentil jardim,
Qual monge ao longe já no claustro exausto
Qual ampla campa a proteger-lhe o fim.

O triste existe em sofrimento lento,
Vive, revive p'ra morrer depois...
Morre — assim corre a atribulada estrada
Da vida qu'rida, soluçando a sós.

Fada encantada, em teu regaço lasso,
Viajante errante, deixa-me pousar;
Lírio ou martírio, abre teu seio a meio,
Estrela bela, vem-me enfim guiar.

Ao mundo imundo, não entrega, nega
Tantos encantos dos amores teus,
Compreende, entende-te a vertigem, virgem,
Somente a mente do poeta e Deus.

D'esta alma a palma de risonhos sonhos,
Da mente ardente a inspiração do céu
O vate abate às tuas plantas santas,
                                                          Castro Alves

Nenhum comentário:

Postar um comentário